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Penúltimo dia de evento teve ainda poesia na roda com artistas locais, mulheres na poesia e shows gratuitos na praça central
O Palco Tupi Petrobras abriu espaço neste sábado (01/11) para receber artistas de relevância nacional e poetas locais, que apresentaram sua arte em forma de poesia declamada, cantada e interpretada no terceiro e penúltimo dia do “Rio de Versos – Festival Internacional de Poesia – Jornada Comemorativa 30ª Edição – Maricá 2025″. Os cantores Moacyr Luz, Marina Iris, o jornalista Thiago Prata e o carnavalesco Milton Cunha foram alguns dos convidados deste sábado. O Rio de Versos é realizado pelo Governo Federal e Ministério da Cultura, com patrocínio da Petrobras e, nesta edição, homenageia o cantor e compositor Jorge Mautner.
No palco montado na praça central, passaram os poetas que integram o grupo Ruasia, além de MC Marechal, MC Rasta, Fernando Calderón, Rodrigo Santos e Rômulo Narducci que se apresentaram com a temática “Poesia e território”. Mais tarde, Marcela Giannini e Miriam Alves, apresentaram no “Conversos” o tema “Mulheres de Palavra”. Já no Cine Henfil cedeu espaço para o “Poesia no samba brasileiro”, com a participação de Moacyr Luz, Marina Iris, o jornalista Thiago Prata e o carnavalesco Milton Cunha. Ao fim, foi exibido o filme “Moacyr Luz – O embaixador dessa cidade”, com direção de Tarsilla Alves.
Valorização do artista local
O dia cultural começou com a apresentação da poeta Carla Amorim, de 41 anos, que levou uma poesia autoral que ressalta a ancestralidade indígena. “É muito importante termos este tipo de trabalho para as pessoas conhecerem mais sobre a história indígena, sobre a nossa ancestralidade, porque é uma história muito rica. Temos muito da nossa cultura para oferecer para Maricá, os nossos saberes, nossa ancestralidade e a nossa culinária que é da terra”, contou a artista.
Em seguida, Anderson Castro, conhecido como MC Rasta, levou um pouco da poesia de rua e cultura pop. “Estar hoje no palco com o mestre Marechal, é o maior gás. Precisamos de paz e amor e o Rio de Versos representa isso”, comentou o artista morador de Itaipuaçu.
Dividindo o mesmo palco, Rodrigo Delgado comentou sobre a sua parceria com o MC Rasta e sobre a oportunidade de estar presente no festival cultural. “Fazemos juntos os nossos raps e as nossas poesias. Estamos fazendo a nossa arte juntos e independentes como os poetas da rua. Somos um grãozinho de areia nessa imensidão. Então, para a gente é muito gratificante abraçar e agradecer mais uma vez todo mundo que organizou e que está prestando esse serviço ao evento”, disse.
À noite, Marcela Giannini e Miriam Alves, interagiram com o público em um bate papo no “Conversos” com o tema “Mulheres de Palavra”.
A escritora Mirim Alves, que mora em Maricá há sete anos e integra o grupo Quilombhoje e Cadernos Negros, responsável por fazer um movimento afro-brasileiro importante para a literatura brasileira, comentou sobre sua participação no festival. “Tenho uma carreira de 43 anos. Aqui, quando eu cheguei em Maricá sete anos atrás, as pessoas começaram a me descobrir. Eu estava tão nervosa que era como se fosse a primeira vez. Foi emocionante. Para mim, foi um alimento importante para a alma. O patrocínio a eventos como esse valoriza a palavra, a literatura, a arte! Estou muito feliz em fazer parte”, afirmou a escritora.
Sua companheira de palco, Marcela Giannini, falou da experiência de interagir com Miriam. “Foi uma honra, uma experiência incrível dividir o palco com a Miriam Alves, que é uma grande poeta. Ela produz poesia o tempo inteiro. Fizemos uma parceria com poemas políticos e foi um ritmo ótimo. Nunca tínhamos nos encontrado pessoalmente e agora nunca mais vou largá-la”, comentou.
Samba em forma de poesia
Além da praça central, o evento cultural ocorre paralelamente no Palco Mero Petrobras (Cine Henfil), que recebeu os artistas Marina Iris, Moacyr Luz, Thiago Prata e Milton Cunha como mediador para debater a “Poesia no samba Brasileiro”.
“Maricá é muito bom. Consegue fazer isso aqui [se referindo ao Cine Henfil] de uma maneira tão grande, como se fosse tudo simples. Fizeram o Cine Henfil, que já é importante pelo nome. Quando entrei aqui, fiquei mais encantado. Lindo, lindo! Fiquei impressionado com os equipamentos públicos da cidade”, disse o cantor e compositor Moacyr Luz, ao chegar em Maricá.
Durante a apresentação, o carnavalesco Milton Cunha conduziu o debate com provocações sobre a história e a cultura do samba, intercalando com sambas famosos cantados pelos artistas e acompanhado ao som do violão do poeta Thiago Prata. “Foi muito legal falar da poesia do samba neste festival, falar um pouco de como é que o samba se expressa em forma de poesia, como é que o samba fala do próprio samba sendo uma poesia ao lado desses amigos. O Rio de Janeiro de forma geral, você olha e já pensa em poesia. O Rio está na poesia, no poente das suas montanhas, dos mares. Então, o Rio de Versos, são as diversas formas de falar do Rio em forma de poesia”, avaliou.
Já Marina Iris, avaliou que o festival internacional de poesia é fundamental para levar cultura à população em diferentes formatos. “É sempre um prazer falar um pouco do que a gente faz, da cultura do samba. É muito importante um festival como esse porque ele é democratizado, ele é acessível para a população e é a oportunidade de estarmos encontrando com pessoas muito diversas e interessadas em conhecer o que fazemos e saber o que temos para dizer. O que eu senti hoje aqui foi isso”, pontuou.
Apreciadores do samba
O debate cultural sobre o samba atraiu moradores e visitantes. Moradora de Nova Iguaçu, Alice Basilio, de 61 anos, veio a Maricá a passeio e gostou do que encontrou. “Eu e minha amiga ficamos sabendo pelo Instagram e ficamos tentadas a vir. É de grande importância esse movimento cultural, sobretudo eu como educadora, acho que temos que implementar isso nas regiões e dar ao povo esse direito de ter esse conhecimento cultural”, disse a professora.
Quem também apreciou o debate foi a poeta Heloísa Helena de Carvalho, de 73 anos. “Vivo no meio do samba, praticamente, lá no Rio de Janeiro. O festival está excelente, foi além das expectativas, sinceramente, porque são pessoas de peso que vocês estão trazendo aqui que o maricaense tem que conhecer. Então, está na hora da gente entender o que eles disseram hoje e praticar. Eu achei muito importante porque vieram pessoas da melhor qualidade”, contou.
O dia festivo terminou em samba com show do Moacyr Luz, seguido da apresentação de Laffa Alvares e Banda, com um trabalho autoral.
Rio de Versos em Maricá
O “Rio de Versos” termina neste domingo (02/11) e ocorre em três palcos abertos ao público com grande programação no Centro de Maricá (detalhes abaixo). O projeto pretende marcar o cenário poético nacional ao colocar a poesia (interpretada, visual, falada, no cinema e musicada) como protagonista em território brasileiro, com formato inédito e abrangente. Idealizado por Sady Bianchin, o projeto chega à sua 30ª edição mantendo a forma itinerante, o compromisso com a democratização, diversidade e internacionalização da poesia, desta vez, também com o apoio da Prefeitura de Maricá.
O festival recebe poetas de 20 estados do Brasil e de mais de 40 países, 13 deles presentes presencialmente. Trinta e um poetas participam por meio da exposição de Poesia Visual, sendo de 15 países diferentes, entre eles, autores e representantes de países como Portugal, França, Moçambique, Argentina, Cuba, Chile, Estados Unidos, Uruguai, Colômbia, Cuba e México, evidenciando o caráter global e plural do evento.
Cultura nas escolas e preservação ambiental
Neste domingo (02/11), será plantada uma muda simbólica dos 101 pés de Pau-Brasil que serão plantados em praças dos quatro distritos de Maricá, em referência aos 101 anos do Manifesto criado por Oswald de Andrade, fortalecendo o compromisso do festival com a tradição, a memória, a identidade e a sustentabilidade, em gesto em prol da cultura e do meio ambiente.
Programação e palcos
A programação contemplou grandes tributos ao Dia Nacional da Poesia, ao aniversário de Carlos Drummond de Andrade, e ao poeta Antônio Cícero no encerramento deste domingo (02/11), e a própria Cora Coralina, homenageada com exibição de filmes. As atividades incluem mesas de debate, rodas de conversa, exposição, poesia na roda, cinema e shows. Todas as atividades são gratuitas.
Abaixo, segue a programação do último dia de evento:
DIA 02/11 (domingo)
PALCO TUPI PETROBRAS
16h – Poesia e Território – Vozes &Versos e Povo do Livro, Carlos Orfeu, Juan Shulz, Karla Julia, Nivaldo Costa, Mano Melo
17h – Narrativas Poéticas – “Movimento Poéticos Brasileiros”, com Ademir Bacca, Aroldo Pereira, João do Corujão e Karla Julia (mediação)
18h – Poesia na Roda – Jorge Ventura, Delayne Brasil, Artur Gomes, Marisa Vieira, Marcela Giannini, Wanda Monteiro, José Inácio Vieira de Melo e Sady Bianchin
19h30 às 21h CONVERSOS – Alberto Pucheu, Ronaldo Werneck e Salgado Maranhão
PALCO MERO PETROBRAS (Cine Henfil)
18h – Filme “Cora Coralina – Todas as vidas” / direção: Renato Barbieri
PALCO MARICÁ PETROBRAS – CIDADE DA POESIA
O “Rio de Versos – Festival Internacional de Poesia” é realizado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, com patrocínio da Petrobras. A Lei Rouanet (Lei nº 8.313/1991) é um mecanismo de incentivo fiscal para projetos culturais no Brasil. Ela permite que empresas e pessoas físicas destinem parte do seu Imposto de Renda para apoiar projetos culturais, deduzindo o valor investido no imposto devido. Os projetos devem ser aprovados pelo Ministério da Cultura, seguindo critérios técnicos, e os patrocinadores ficam isentos da responsabilidade pela gestão dos recursos do projeto. Este projeto foi viabilizado pela existência e pelo cumprimento da Lei Rouanet.

