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Festival cultural segue até domingo (02/11) na Praça Orlando de Barros Pimentel e no Cine Henfil com mesas de debate, apresentações, exibição de filmes e poesia
O primeiro dia do evento principal do “Rio de Versos – Festival Internacional de Poesia – Jornada Comemorativa 30ª Edição – Maricá 2025”, reuniu nesta quinta-feira (30/10) artistas nacionais dos mais variados estilos que apresentaram seus trabalhos em forma de poesias cantada, falada, musicada, teatralizada no Palco Tupi Petrobras, montado na Praça Orlando de Barros Pimentel. O festival internacional é realizado pelo Governo Federal e Ministério da Cultura, com patrocínio da Petrobras.
A programação diversificada incluiu duas mesas de debates com o membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Antônio Carlos Secchin, o professor e psicanalista Aristides Alonso, o poeta e diretor geral do festival Sady Bianchini, o cantor Antônio Villeroy, o compositor Márcio Borges e o professor Abel Silva. No palco Tupi Petrobras, houve também uma homenagem aos grupos poéticos: Boato, Camalões, Gang, Mymba Kuera e Teatrote. Já no Cine Henfil, foi exibido o documentário “Só dez por Cento é Mentira”, que aborda a obra e parte da vida do poeta matogrossense Manoel de Barros.
Programação cultural
O dia festivo começou com a apresentação do coral Arandú Mirim da Aldeia Céu Azul, da aldeia localizada no bairro do Espraiado, que levou para o público a sua dança tradicional. Em seguida, uma mesa de debate com o tema “Poesia e Realidade Social” foi formada pelo membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) Antônio Carlos Secchin, Aristides Alonso, Sady Bianchini e teve como mediadora a secretária de Comunicação de Maricá, Daniela Ferreira de Oliveira, licenciada em Letras.
Após participar da mesa, o membro da ABL, Antônio Carlos Secchin falou sobre o festival “Rio de Versos”. “É uma honra e um prazer perceber tanta gente interessada na poesia, nas questões que ela traz, nas respostas que ela dá e não dá. Enfim, realmente é uma experiência que, se for convidado, eu vou repetir”, avaliou.
Reencontro de poetas
O diretor-geral do projeto Rio de Versos, Sady Bianchin avaliou o primeiro dia do festival cultural que segue até domingo (02/11) com a participação de poetas, cantores e atores de projeção nacional, além de artistas locais. “É um dia de muita emoção e alegria porque estamos abrindo oficialmente o primeiro festival internacional de poesias”, disse.
Bianchin, que também é poeta há mais de 40 anos, subiu ao palco junto de seus amigos e fizeram uma releitura de poesia teatralizada relembrando dos tempos em que se apresentavam no teatro da Universidade Federal Fluminense (UFF). “É uma energia e um entusiasmo muito grande porque são poetas que eu convivi no movimento dos anos de 1980, quando tinha a poesia na rua, na praia, na praça. Eram os projetos da época e agora em Maricá estamos revivendo tudo isso, trazendo os grupos dos anos 1970, 1980, 1990, e a poesia da cidade que está bem atual. A poesia é atemporal”, completou.
Um dos homenageados da noite, Dado Amaral, integrante do grupo Boato falou da emoção de participar do festival Rio de Versos. “O Sady fazia performance junto com a gente e é sempre uma alegria estar com os meus irmãos de grupo. Foi muito bom e bem forte. Acho maravilhoso acontecer o Rio de Versos porque o brasileiro gosta de poesia e tem a musicalidade. Eu quero vir de novo, se eu não for convidado de uma outra vez, eu vou vir como público para assistir. Acho que o povo de Maricá tem que vir prestigiar”, ressaltou.
Nos intervalos das apresentações, o grupo de arte de rua, o Ruasia, levou um pouco do seu trabalho de roda de poesia desenvolvido na cidade.
Memórias da MPB
Mais tarde, a roda de conversa “Poesia na MPB” teve a participação dos compositores Antonio Villeroy e Márcio Borges e do poeta Abel Silva, com mediação de Chris Fuscaldo. No encontro, Márcio Borges o relembrou a trajetória como compositor e poeta. “É um prazer estar entre as pessoas que têm as mesmas prática que a minha, fazem o mesmo ofício, é sempre bom trocarmos opinião, afetos e carinho. É muito bom estar aqui. Poesia para mim significa respiração”, disse o compositor Márcio Borges.
Público presente
O público diversificado foi prestigiar o evento cultural. Assistido pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) de Maricá, David Branco, de 46 anos, teve pela primeira vez o contato com a poesia. “Estou achando super legal. A gente não acompanha muito poesia e está abrindo um leque maior na nossa mente”, contou o serralheiro.
Também na plateia, Aline Raveira, de 49 anos, foi prestigiar seu amigo que apresentou uma das poesias. “Acho que é interessante ter o festival de poesia porque nos tira da rotina pesada de trabalho para consumir um pouco de cultura”, mencionou a administradora.
Documentário no Cine Henfil
Paralelo ao evento da Praça Orlando de Barros Pimentel, o Cine Henfil exibiu o documentário “Só Dez por Cento É Mentira”, que fala da obra e parte da vida do poeta matogrossense Manoel de Barros. Com direção de Pedro Cezar, o filme tem depoimentos do poeta (falecido em 2014 aos 97 anos), de integrantes de sua família e de artistas admiradores de sua poesia. As cenas são intercaladas por trechos de seus poemas.
O filme emocionou quem foi assistir. Moradora da Barra de Maricá, a professora Mariana Fraga Coutinho, de 37 anos, contou que foi às lágrimas vendo e sabendo mais sobre Manoel de Barros, de quem se declarou fã.
“Me deu vontade de chorar várias vezes vendo a pureza e simplicidade com que ele se comunica com a infância de forma única. Pensei muito nos meus alunos, pois tem muitas formas de trabalhar sua obra. Acho que todos deveriam ler e sentir o que ele fala”, afirmou Mariana, que atua na EM Barra de Zacarias e pretende aproveitar mais do festival.
“Começar mostrando Manoel de Barros já foi maravilhoso, mas eu quero participar o máximo possível da programação”, garantiu ela.
A noite finalizou com o show de Antonio Villeroy e dos irmãos Kleiton e Kledir.
O “Rio de Versos – Festival Internacional de Poesia” é realizado pelo Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet, com patrocínio da Petrobras. A Lei Rouanet (Lei nº 8.313/1991) é um mecanismo de incentivo fiscal para projetos culturais no Brasil. Ela permite que empresas e pessoas físicas destinem parte do seu Imposto de Renda para apoiar projetos culturais, deduzindo o valor investido no imposto devido. Os projetos devem ser aprovados pelo Ministério da Cultura, seguindo critérios técnicos, e os patrocinadores ficam isentos da responsabilidade pela gestão dos recursos do projeto. Este projeto foi viabilizado pela existência e pelo cumprimento da Lei Rouanet.

